A oftalmologia dentro das Heathtechs

Albert Bacelar
3 min readOct 10, 2020

--

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um relatório sobre a visão da população global (https://www.who.int/publications/i/item/world-report-on-vision). A entidade estima que ao menos 2,2 bilhões de pessoas têm algum grau de déficit visual. E 1 bilhão de casos são evitáveis ou passíveis de correção, como miopia, catarata, glaucoma e hipermetropia. A OMS estima que o número de casos saltará para 3,36 bilhões em 2030.

Falta de acesso à saúde de qualidade em locais com baixa e média renda, falta de exames regulares, diagnóstico precoce, mudança do estilo de vida e envelhecimento da população foram fatores que mais influenciaram os problemas de visão na pesquisa, incluindo os dados projetados para o futuro. No total, 65 milhões de indivíduos estão cegos ou enxergam muito mal por causa da catarata, que é operável, e 800 milhões sequer conseguem adquirir óculos.

Algumas soluções para amenizar os problemas de visão no mundo todo são descritas. Dentre elas, a principal é a democratização do acesso à saúde, levando infraestrutura de qualidade para comunidades e grupos negligenciados atualmente. Dessa maneira, atendimento, especialistas, equipamentos, medicamentos, exames e tratamentos, dentre outros seriam alternativas que desacelerasse o salto previsto para 2030.

Há iniciativas que já estão ajudando a melhorar o acesso à saúde. Uma delas é o retinógrafo portátil Phelcom Eyer (https://www.phelcom.com.br/), em que acoplado ao celular, o aparelho realiza exames de retina de alta qualidade, em poucos minutos, e envia os dados automaticamente para uma plataforma online, possibilitando o diagnóstico remoto. O valor atual fica em torno de US$ 5 mil (ainda não acessível para grupos minoritários, mas passível de políticas públicas) contra US$ 120 mil do retinógrafo atual, que ainda necessita de integração com o computador.

Outra solução que surgiu em junho de 2020 veio da EyeQue, líder em testes de visão de smartphones, com a EyeQue Try-On Glasses. Este dispositivo permite que você teste sua visão em casa. Aliás, qualquer pessoa que more em áreas rurais, com necessidades especiais ou sem acesso a transporte, possa ter certeza de que faz o exame de visão necessário de vez em quando. São uma forma de baixo risco para os pacientes experimentarem sua visão através de lentes feitas usando seus EyeGlass, obtidos por meio dos testes de erro refrativo, no mesmo formato de uma prescrição tradicional. O preço torna-se mais atraente e mais passível de políticas públicas, custando US$ 89 e pode ser utilizado por diversas pessoas, incluindo crianças. Assim como o teste de visão tradicional, ele mede cada olho separadamente e depois em conjunto, revelando a acuidade visual na tela do smartphone após a conclusão. A medição resultante é 20/20, 20/40, etc. Além disso, o instrumento testa a sensibilidade ao contraste e a deficiência de cor. A primeira pode determinar se você tem problemas para enxergar variações de claro e escuro, indicando condições como glaucoma ou catarata.

A área da oftalmologia revela grande potencial de crescimento com o surgimento de novos implantes retinianos, lentes de contato digitais, novas formas de enxergar para os amauróticos (cegos). Novas formas de comunicação com o movimento ocular estão acontecendo, personalizando para cada paciente a melhor forma.

Além de não substituir as visitas ao médico, a especialidade vai ampliar sua área de atuação com surgimento dos novos dispositivos (wearables e insideables). A visão é um sentido básico do ser humano e, diante do relatório da OMS, é possível melhorar muito nossas perspectivas.

--

--

Albert Bacelar
Albert Bacelar

Written by Albert Bacelar

Health Data, Design Thinking, Critical Care Physician, Care Economy

No responses yet